Gaspar é um amigo como poucos e está sempre presente na minha vida. Se parto, faz-me lembrar sempre o prazer que existe no regresso.
Se retorno de viagem ele é sempre o primeiro a anunciar a minha chegada, espalhando pela vizinhança a boa nova.
É leal, porque me ouve sem cobrar e guarda para si os mais intimos segredos que lhe conto, com uma maciez no olhar, que me liberta dos mais pesados fardos, compreendido e renovado por cada instante em comunhão partilhado.
Gaspar é um amigo como poucos, dono do seu espaço e respeitador do espaço de quem vive à sua volta, tem a perfeita noção que a amizade é feita de constante entrega aos outros, que a recompensa não importa.
Falamos dos mais diversos temas: De ambiente, pois gostamos os dois de fazer longas caminhadas, embora o seu sentido de orientação seja bem mais apurado que o meu...
De poesia, que ele escuta enternecido, chegando mesmo a esconder sobre as pálpebras molhadas os seus olhos negros em sinal de total comunhão com as minhas palavras, como se uma luz se acendesse na sua alma, apesar de nunca ter ido à escola, apesar de não saber sequer assinar o seu nome...
Às vezes quando repara que estou triste, fica do meu lado sem dizer nada, quieto o tempo necessário para que eu sinta que a vida está ali à espera de ser vivida, que tristeza nenhuma é mais forte que a amizade e, tem sempre até, uma brincadeira ou uma graça preparada para me fazer rir...
Gaspar, o meu amigo, tem dentro de si um Homem, dos melhores que conheço, por isso é mais, muito mais que um simples cão.
Nota: Este texto é dedicado ao Podengo Gaspar, Nobre Diplomata que nunca estudou Literatura ou matemática... É giro brincar com ele, não é filhotes?
Meus caros jogadores. Vocês conheceram o Gaspar quando estiveram lá em casa. É um cão espectacular e tem dentro de si um Homem...
Este vosso amigo escreve também, sei que sabem disso.
Podem encontrar os meus contos e poemas em:
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